O biólogo molecular Dr. Alysson Muotri. Com doutorado em Genética pela USP e professor da Universidade da Califórnia/San Diego, Muotri é um dos mais respeitados cientistas da área e um dos pesquisadores à frente da técnica dos 'minicérebros' - que são cultivados em laboratório com a finalidade de estudar o comportamento das células cerebrais - junto com a Profª Dra. Patrícia Beltrão Braga (USP) e com a Dra. Graciela Pignatari, são idealizadores do projeto "Fada do Dente" uma ONG brasileira que usa os dentes de leite de crianças com autismo para estudar os mecanismos biológicos envolvidos no TEA. Em sua apresentação via videoconferência no TEAbraço, ele irá abordar temas como as novidades em modelagem celular e os avanços nas pesquisas que envolvem o autismo.
Muotri passou 6 anos no Instituto Salk, na Califórnia, que já abrigou prêmios Nobel como o inglês Francis Crick, um dos descobridores da estrutura do DNA. Nesse período, se aprofundou em como neurônios surgem no cérebro adulto. Os estudos na área o levariam a uma explicação inédita e uma possível cura para o autismo — que atinge uma a cada 110 crianças norte-americanas. “Conseguimos abalar um dos grandes dogmas da neurociência, aquele de que doenças mentais não têm cura.”
A grande revelação científica de Muotri, já professor do Departamento de Pediatria e Medicina Celular e Molecular da Universidade da Califórnia, foi descobrir que, em cérebros autistas, novos neurônios se formam com mais facilidade devido a uma mutação genética. Em pessoas comuns, o surgimento desses neurônios na fase adulta é possível porque nosso cérebro possui células-tronco (capazes de se diferenciar em diversas estruturas de nosso corpo) adormecidas. Quando estimuladas , por exemplo por novas experiências e aprendizados, elas se transformam em neurônios. “Isso acontece graças à ativação de determinadas sequências de genes, chamadas de elementos transponíveis.”